A técnica de enfermagem Juliana Ferreira Araújo, de 23 anos, foi demitida após encaminhar uma paciente para ser atendida pelo médico no Hospital Regional de Patos.
O caso aconteceu na última segunda-feira, (06/01), quando a profissional estava em sem plantão no HRP. Segundo Juliana, o médico plantonista Carlos Henrique, havia passado antes pela triagem e avisado as enfermeiras que só atenderia casos de parada respiratória ou infarto e que se os pacientes insistissem podiam ir falar com ele que ele daria a mesma resposta. Vários pacientes foram chegando e por ordem do médico, as enfermeiras foram explicando que só urgências seriam atendidas.
A técnica disse que entre os pacientes, uma senhora bastante debilitada lhe chamou atenção. Com fortes dores na região torácica, uma intensa dispneia (falta de ar), e cuspindo sangue, a paciente necessitava urgentemente de atendimento médico e a enfermeira percebeu isso e encaminhou a senhora para o plantonista.
Chegando à sala, o médico disse o mesmo que tinha dito as enfermeiras, que por ordem do Secretário estadual de Saúde não atenderia outros casos que não fossem gravíssimos.
Segundo Juliana, após a situação, o médico bastante irritado com sua desobediência disse que ela tomasse cuidado, pois já estava nas mãos do Diretor Clínico do hospital e depois do acontecido, sua situação não era boa.
Juliana relembrou outro acontecimento que deixou a direção do HRP bastante irritada com ela durante a visita do Conselho Regional de Medicina, no final de dezembro. De acordo com a técina, que nesse dia estava de plantão na área vermelha, os fiscalizadores do CRM estavam visitando os setores do hospital e o diretor clínico estava presente e pediu que a profissional verificasse a pressão de um dos pacientes. A técnica disse ao diretor que o tensiometro, aparelho que mede a pressão arterial, estava quebrado e teria que ir buscar em outro setor, já que apenas um aparelho serviria para três alas do HRP. Juliana disse que já percebeu a irritação do médico, pois a profissional revelou que o aparelho estava sem funcionar na presença dos fiscalizadores do CRM.
A fiscalização prosseguiu e minutos depois, o diretor perguntou a ela o motivo de um dos monitores de frequência estar desligado e a enfermeira revelou que o mesmo também estaria sem funcionar, tudo isso na frente dos fiscais.
A técnica relatou que após a saída do CRM, o diretor bastante irritado a procurou e a fez ameaças: “Ele puxou meu cabelo e perguntou se eu sabia com quem eu estava mexendo e ainda disse que meu presente de final de ano estava guardado”, relembrou.
Juliana acredita que esse episódio motivou sua demissão, já que na última segunda-feira, após a discussão com o médico plantonista, recebeu uma ligação do coordenador de enfermagem, convocando-a para uma reunião e ao chegar ao Hospital recebeu uma ordem de demissão e afastamento imediato, tendo como justificativa que a jovem não teria perfil para trabalhar no HRP, já que tinha relacionamento difícil com os médicos.
Se sentindo injustiçada, a técnica procurou a imprensa para denunciar o caso, pois acredita que estava apenas cumprindo o seu juramento enquanto profissional de saúde: “O que acontece ali dentro é lastimável. As pessoas sofrem sem atendimento e eu não consigo ficar calada. Além de estar me sentindo injustiçada também estou com medo, pois temo muito que eles possam até mandar me matar, ou fazer algum mal a minha família”, disse angustiada.
A técnica ainda disse que a falta de organização na coordenação de enfermagem do HRP é muito grande e além de vários equipamentos quebrados, algumas vezes falta medicação para os pacientes e fardamento adequado para os profissionais: “Existe apenas um aparelho verificador de pressão para três setores, ou seja, para 13 profissionais trabalharem e atenderem centenas de pacientes por dia, isso é absurdo”, desabafou.
Juliana disse irá conversar com advogados e está vendo a possibilidade de acionar a justiça diante do ocorrido.
Fonte: Luanja Dantas-Mais Patos
Nenhum comentário:
Postar um comentário